Abordar a questão da metodologia requer, primeiramente, uma análise da situação por que passa hoje a humanidade, o que levará ao aluno que se tem, ponto de partida da ação pedagógica, para o aluno que queremos. A humanidade vive transformações rápidas e constantes em todas as áreas e que são veiculadas simultaneamente pelos meios de comunicação, modificando as relações sociais e criando novos conceitos culturais, sociais e econômicos.
Tantas mudanças trazem para os educadores desafios que exigem processos dinâmicos de ensino e acompanhamento da aprendizagem, não cabendo mais o tradicionalismo com processos mecânicos, caracterizados pela repetição e memorização, pois “aprender não é primeiramente memorizar, estocar informações, mas reestruturar seu sistema de compreensão de mundo” (Perrenoud).
Frente a essa realidade tão dinâmica, com tantos recursos tecnológicos, o trabalho escolar não pode ser monótono, isolado do contexto sócio, político e cultural. É preciso conhecer o aluno, sua realidade e seus interesses, pois segundo Silva Filho: “sem uma compreensão das crenças, valores, pontos de vista e interesses pessoais e sociais concretos dos nossos jovens, será muito difícil para nós, educadores, penetrarmos em seu mundo e exercermos sobre eles uma influência construtiva” – para, então, ser capaz de criar oportunidades a fim de que tenha uma aprendizagem significativa que não é só o domínio de conteúdos.
É necessário que o aluno aprenda a tomar decisões, fazer escolhas, julgar, agir, argumentar, enfrentar diferentes situações, enfim, adquirir competências. O educador deve ser capaz de criar oportunidades que, segundo Perrenoud, exijam deste aluno competências específicas:
Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
- Trabalhar a partir das representações dos alunos.
- Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
- Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas.
- Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
O educador salesiano não pode perder de vista o legado de Dom Bosco, seu método preventivo, que, ainda hoje, mostra-se atual. Ele ensinou os jovens a enfrentar as necessidades de sua época e nos adverte que “é preciso estarmos atentos aos sinais dos tempos.” Dedicar-se, hoje, à pedagogia salesiana – pedagogia da presença, da preventividade – significa estar junto ao aluno, fazer dele o centro da ação pedagógica para que ele desenvolva competências que levem à aprendizagem significativa, com valores, através da reflexão, da crítica e da inventividade para que ele realize seu projeto de vida – aqui entendido como “a interação dinâmica entre a auto realização pessoal e o desempenho de um papel social” (Silva Filho) – e assuma seu papel ativo na história, com competência científica e ética para transformar a sociedade em que vive. Colocar em prática a pedagogia salesiana significa educar evangelizando e evangelizar educando.
Vale ressaltar que a relação Professor-Aluno está baseada na filosofia salesiana e nos ensinamentos de Dom Bosco, a aproximação do professor com o aluno é fundamental para que haja melhor desenvolvimento do processo pedagógico. De acordo com Dom Bosco: “não basta amar o jovem, é preciso que ele se sinta amado”. preparando-o para a vida em um ambiente que favorece o prazer em aprender.
ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é considerada direito das crianças de 0 a 5 anos de idade, que está alicerçado pela Constituição Federal de 1988, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996.
Esta etapa da Educação Básica é de grande importância para a criança, por constituir as primeiras ações educativas fora do seu contexto familiar. A finalidade da Educação Infantil é a promoção do desenvolvimento integral da criança conforme estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), sendo assim precisa cumprir com o compromisso de tornar os espaços, tempos e ações pedagógicas favoráveis à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças.
Ressaltamos que a oferta deste atendimento está atrelada às concepções de criança, infância, aprendizagem e desenvolvimento infantil, tempo, espaço e educação, que norteiam as ações pedagógicas nas instituições de Educação Infantil.
Na Escola de Educação Básica Padre José Anchieta, a Educação Infantil destina se aos alunos com idade entre 2 a 5 anos de idade, utilizando o regime de 9 anos, com duração mínima de 03 anos. A proposta de trabalho da Escola está voltada para uma educação contextualizada, respeitando sempre as etapas do desenvolvimento infantil, buscando facilitar o processo de ensino e aprendizagem, propõe situações de aprendizagem, problematizando-as para que a criança assimile e crie seu próprio contexto. A Escola Anchieta considera que a educação é ao mesmo tempo um processo individual e um processo social, facilitado através das inter-relações, pois assim a criança desenvolve sua própria inteligência adaptativa, na elaboração do conhecimento. Integramos em nosso contexto educacional os valores e as concepções da Rede Salesiana de Educação.
A REDE SALESIANA DE ESCOLAS, visando à formação integral da educando, pauta-se no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,1998) ao desenvolver esta proposta educativa para suas escolas associadas, propondo uma prática pedagógica que se fundamenta no respeito à dignidade e aos direitos das crianças da Educação Infantil, considerando suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas e intelectuais, a fim de garantir um processo de integração e de formação, mediado por conhecimento e por valores, que lhes permita conviver exercitando seu direito à livre expressão e ao desenvolvimento de suas capacidades, vivendo com alegria essa etapa tão importante de seu desenvolvimento.
A Educação Infantil é entendida pelas Diretrizes Educacionais da REDE SALESIANA DE ESCOLAS como integradora das funções de cuidar e educar. Para isso, oferece situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada, contribuindo para o pleno desenvolvimento das capacidades da criança relativas à expressão, à interação social, à ética e à estética, bem como às possibilidades de inserção nas mais diversas práticas sociais. As ações pedagógicas garantem às crianças as condições de socialização a partir da relação interpessoal, do ser e do estar com o outro em uma atitude de aceitação, respeito e confiança, contribuindo para o desenvolvimento da identidade da criança e de sua formação, assim como o acesso aos bens socioculturais disponíveis para ampliar seus conhecimentos.A concepção de educação infantil aqui apresentada define neste nível de escolaridade dois âmbitos de experiências para o educando: Formação pessoal e social e Conhecimento de mundo. Uma organização curricular de caráter instrumental e didático, uma vez que a construção de conhecimentos se processa de maneira integrada e global, com inter-relações entre os diferentes âmbitos, deve ser considerada no trabalho com as crianças. Não se concebe conhecer o mundo sem ser de forma integrada à formação pessoal e social, assim como não existe a formação afetiva e relacional da criança sem o desenvolvimento cognitivo e a aquisição de informações, ou seja, sem conhecimento de mundo.
Nestas Diretrizes Educacionais, a estrutura dos eixos relativos ao âmbito de conhecimento de mundo na Educação Infantil inclui concepções mais integradoras dos saberes, especialmente em relação às artes, e incorpora visões atuais sobre as ciências e as humanidades. Desse modo, avança-se e aperfeiçoa-se a proposta do Referencial Curricular Nacional com contribuições atuais de diferentes campos da educação.